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Toxicidade no Sistema Reprodutor Masculino

   O sistema reprodutivo dos homens pode sofrer de efeitos adversos provocados por desreguladores endócrinos como os ftalatos. A exposição aos ftalatos pode conduzir à toxicidade testicular e compromete a espermatogénese. Os ftalatos, tal como outros desreguladores endócrinos, têm a capacidade de afetar a esteroidogénese do homem, levando a uma alteração nas hormonas reprodutivas, sendo este um fator crítico na espermatogénese. Além deste, têm vindo a ser estudados outros possíveis mecanismos de toxicidade como o stress oxidativo e os efeitos epigenéticos [1].

 

   Ao nível da esteroidogénese, os ftalatos podem agir como antiandrogénios, antiestrogénios e inibidores das enzimas esteroidogénicas. A presença de metabolitos de ftalatos na urina está negativamente associada com os níveis de testosterona, FSH e LH. Nas células de Sertoli e nas células de Leydig foi identificada uma alteração nas suas funções durante o desenvolvimento pelo efeito dos ftalatos, bem como uma inibição da produção de testosterona. Tem sido proposto que uma disfunção ao nível da CYP 17, provocada pelos ftalatos, leva a uma direta inibição da síntese de testosterona nas células de Leyding, verificando-se assim a ação antiandrogénica destes compostos. Contribuindo para a diminuição da síntese de testosterona, tem-se ainda observado que alguns ftalatos interferem na expressão de genes que regulam o colesterol, a homeostasia lipídica e a sinalização da insulina. Ao nível das células de Sertoli, alguns monoésteres de ftalatos podem estar envolvidos na perturbação da capacidade destas células responderem ao seu ligando endógeno de FSH [1, 2].

 

   Outro dos mecanismos sugeridos é o stress oxidativo, pelo qual os ftalatos atuam como antiandrogénios. Neste caso, o que se verifica é uma indução da produção de ROS, peroxidação lipídica e apoptose dos espermatócitos. Um possível mecanismo propõe que a formação de ROS possa estar relacionada com a entrada de Ca2+, induzida pelos ftalatos, provavelmente através da ativação do complexo NADPH mediada pelo Ca2+ [1].

 

   Recentemente tem sido sugerida uma relação entre ações negativas ao nível da descendência e mecanismos epigenéticos tóxicos. As mudanças epigenéticas englobam diversos mecanismos, como a metilação do DNA, sendo que esta causa alterações permanentes, que são transmitidas às gerações seguintes. Alterações na metilação do DNA induzidas por ftalatos, especialmente nas ilhas CpG, têm sido apontadas como um possível mecanismo para a toxicidade testicular. Este mecanismo de toxicidade tem ainda de ser confirmado por estudos em humanos [1, 2].

Referências:

[1] Jeng HA (2014) Exposure to endocrine disrupting chemicals and male reproductive healthy. Frontiers in Public Health 2:1-12.

[2] Martinez-Arguelles DB, Papadopoulos V (2015) Mechanisms mediating environmental chemical-induced endocrine disruption in the adrenal gland. Frontiers in Endocrinology 6:1-12.

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