Fontes de exposição
Dada a versatilidade de utilização dos ftalatos, estes apresentam uma distribuição ubiquitária.
Assim sendo, ONDE PODEMOS ENCONTRAR FTALATOS?

[1]
Vias de exposição
A produção generalizada de ftalatos, a sua aplicação em produtos vulgarmente utilizados e a sua presença no ambiente conduz a uma exposição humana diária por várias vias [2, 3]:
Ingestão oral Inalação Contacto dérmico Via Intravenosa
Podemos destacar a ingestão oral como sendo a principal via, dado que a população ingere regularmente comida e bebida que esteve em contacto com material de embalagem contendo ftalatos [4]. Estes encontram-se ligados aos plásticos de forma não covalente e desta forma são, frequentemente, libertados do material de embalagem [2].
A via inalatória é também uma via de exposição importante. Estes estão presentes sob a forma de vapor no próprio ar que respiramos ou podem provir de poeiras contaminadas com partículas de ftalatos [4]. Ambientes interiores, quer seja nas residências ou em locais de trabalho com papel de parede, com piso recentemente instalado ou outros materiais que contenham ftalatos são ambientes propícios à inalação destas substâncias [1].
Através do contacto dérmico ocorre exposição aos ftalatos que se encontram, por exemplo, em produtos cosméticos e de higiene pessoal como os hidratantes de pele.
A via intravenosa é também uma via relevante, dado que, através dela, muitos pacientes sujeitos a cuidados médicos estão expostos, como é o caso de pessoas submetidas a transfusões sanguíneas, doentes que façam diálise, entre outros.
Grupos de Risco
Todos nós estamos constantemente expostos a ftalatos no nosso dia-a-dia por diferentes vias. No entanto existem grupos na população geral que requerem mais cuidado pois tratam-se de grupos mais suscetíveis a estas substâncias.
As crianças são um dos principais grupos de risco, devido ao permanente contacto com brinquedos que contém ftalatos e pelos hábitos de os colocar na boca frequentemente. As crianças estão ainda expostas por via inalatória ao pó da casa que apresenta partículas de ftalatos. A utilização de tubos intravenosos ou outros dispositivos médicos que exibem na sua constituição ftalatos, contribui ainda mais para a exposição deste grupo [1].
![]() |
---|
![]() |
![]() |
![]() |
![]() |
Outro grupo com elevado risco de exposição são aqueles indivíduos que estão sujeitos a cuidados médicos e que portanto utilizam dispositivos médicos ou medicamentos que contenham ftalatos. São exemplos pacientes que realizam diálise, hemofílicos ou pessoas sujeitas a frequentes transfusões de sangue [1, 2].
A exposição ocupacional é também um aspeto muito importante e que contribui para o risco de exposição de determinadas pessoas nomeadamente aqueles que trabalham na produção, formulação e processamento dos plásticos e ainda outros profissionais como é o caso dos pintores [1]. No seguimento da exposição ocupacional é importante realçar que as mulheres que trabalham em ambientes industriais e em locais próximos da produção e eliminação de ftalatos são também um grupo de risco dadas as complicações que estas substâncias acarretam, designadamente os efeitos negativos ao nível da fertilidade [2].
Como evitar os Ftalatos?
Apesar do permanente contacto que temos com estes compostos, podemos fazer escolhas que nos permitam reduzir a exposição [5, 6]:
Na alimentação:
-
Preferira o vidro e o aço inoxidável em detrimento do plástico para diversos produtos como: garrafas de água, recipientes de armazenamento, biberões, etc.
-
Sempre que possível opte por alimentos frescos em vez de alimentos embalados em plástico.
-
Não coloque no micro-ondas comida em recipientes de plástico.
-
Não coloque os recipientes de plástico na máquina de lavar a loiça.
-
Opte por recipientes marcados com o código de reciclagem #1, #2, ou #5, estes são geralmente mais seguros.
-
Compre apenas plásticos constituídos por polietileno ou polipropileno em vez de PVC ou vinil.
Nos produtos cosméticos e de higiene pessoal:
-
Não use produtos para o corpo e cabelo cujos ingredientes incluam “fragrância”, “parfum” ou ”fragrâncias naturais”, escolha antes produtos perfumados com óleos essenciais ou mesmo sem perfume.
-
Opte por um spray de cabelo “sem ftalatos”, assim como o verniz de unhas.
Na sua casa:
-
Não compre velas perfumadas, detergentes e produtos de limpeza com ingredientes como “fragrância”, “parfum” ou “aroma natural”, prefira produtos perfumados com óleos essenciais ou sem perfume.
-
Evite ambientadores sintéticos, ambiente a casa com flores e óleos essenciais.
-
Opte por cortinas de chuveiro em tecido em vez de plástico e verifique se os forros de cortinas de plástico estão livres de PVC.
-
Escolha pisos feitos de materiais naturais, como a madeira, em vez de vinil.
Nos produtos para bebés e crianças:
-
Evite mordedores, brinquedos de banho, capas da chuva feitos de plástico, opte antes pelos que são compostos por borracha natural ou silicone
-
Sempre que possível opte por utilizar ingredientes frescos na sua alimentação, no entanto, na compra de produtos embalados, escolha os que vem em embalagens de vidro.
-
Evite deixar à disposição da criança brinquedos de plástico produzidos antes de regulamentos mais rigorosos para os ftalatos (antes de 2006 na Europa e 2009 nos EUA).
MAS...
...não fique alarmado ao ponto de evitar compulsivamente estes produtos, pois a maioria dos mecanismos de toxicidade dos ftalatos ainda só foram testados em modelos animais e não em humanos! E em relação aos estudos já feitos em humanos, nem todos comprovam que o que acontece nos animais, realmente acontece no ser humano.
Por isso, são necessários mais estudos no ser humano, para que seja comprovada a toxicidade dos ftalatos no Homem [2, 7, 8].
Contudo, reduzir a exposição a estes compostos será uma boa medida de prevenção, pois o que agora não se sabe se tem, ou não, efeitos nefastos para a nossa saúde, não quer dizer que realmente não o possua!

Referências:
[1] National Library of Medicine, National Institutes of Health - ToxTown—Phthalates http://toxtown.nlm.nih.gov/text_version/chemicals.php?id=24, Acedido em 8-05-2015.
[2] Hannon PR, Flaws JA (2015) The effects of phthalates on the ovary. Frontiers in Endocrinology 6:1-19.
[3] Li X, Fang EF, Scheibey-Knudsen M, Cui H, Qiu L, Li J, He Y, Huang J, Bohr VA, Ng TB, Guo H (2014) Di-(2-ethylexyl) phthalate inhibits DNA replication leading to hyperPARylation, SIRT1 attenuation, and mitochondrial dysfunction in the testis. Scientific Reports 4:1-9.
[4] Centers for Disease Control and Prevention http://www.cdc.gov/biomonitoring/Phthalates_FactSheet.html, Acedido em 8-05-2015.
[5] Kid Companions. http://kidcompanions.com/choosing-safe-childrens-toys-and-products-are-they-phthalates-free/, Acedido em 26-05-2015.
[6] Greenopedia. http://greenopedia.com/avoid-phthalates/, Acedido em 26-05-2015.
[7] Jeng HA (2014) Exposure to endocrine disrupting chemicals and male reproductive healthy. Frontiers in Public Health 2:1-12.
[8] Wang YC, Chen HS, Long CY, Tsai CF, Hsieh TH, Hsu CY, Tsai EM (2012) Possible mechanism of phthalates-induced tumorigenesis. Kaohsiung Journal of Medical Sciences 28:522-527.